Se você tem um filho ou filha adolescente, provavelmente já se perguntou qual a melhor maneira de conversar sobre sexualidade. Mesmo que essa conversa ainda não tenha ocorrido, é um tema presente na vida de todos.
Vivemos em uma sociedade altamente sexualizada, onde somos bombardeados por estímulos de todos os lados – marketing, filmes, séries, músicas e até desenhos animados. A pornografia, amplamente disseminada com a internet e a popularização dos smartphones, alterou a forma como os adolescentes lidam com a puberdade e a sexualidade. É quase impossível encontrar um jovem que nunca tenha sido exposto a algum tipo de conteúdo pornográfico, mesmo que seja apenas soft porn (pornografia não explícita).
Muitos pais ficam horrorizados ao pensar nisso. Acreditam que seus filhos jamais acessariam esse tipo de conteúdo e, por isso, resistem a conversar sobre o tema. No entanto, a verdade é que, muitas vezes, os adolescentes acabam expostos involuntariamente a esse material, seja por meio de anúncios ou sugestões nas redes sociais, que estão a um clique de distância, seja pelos comentários de colegas na escola. Negar essa realidade não ajuda. O importante não é SE vamos conversar sobre isso, mas sim COMO abordar o tema.
Se você nunca conversou sobre sexualidade com seus filhos quando eram mais novos, esse começo pode ser um pouco mais difícil, especialmente depois dos 14 anos, quando eles já estão mais certos de suas próprias opiniões. Mas não se desespere! Pode ser desafiador, mas não é impossível. O primeiro passo é olhar para dentro de si.
Sexualidade é um tema íntimo e, para muitas pessoas, cercado de tabus ou até traumas. Antes de conversar com seus filhos, é essencial refletir sobre seus próprios sentimentos e experiências. Qual a visão que você deseja passar para eles? Ela é mais conservadora ou liberal? Você acredita que basta prevenir doenças e gravidez indesejada, ou gostaria de transmitir valores morais e éticos? Compreender sua própria vivência e dar sentido a esse aspecto da sua vida é o ponto de partida. Se necessário, busque ajuda profissional para lidar com traumas ou consequências de abusos.
Quando estivermos mais conscientes e em paz com nossa própria história, é hora de iniciar a conversa.
Para adolescentes, uma boa estratégia é aproveitar “ganchos” em filmes, músicas, séries, livros ou artigos que possam gerar uma discussão natural. Após assistirem ou ouvirem algo juntos, pergunte o que eles acharam, o que pensam sobre determinados temas. Com carinho, verdade e abertura, é possível expor seus valores e opiniões, sem tabus. Também é importante falar sobre os malefícios da pornografia, já que, infelizmente, ela se tornou a principal fonte de “educação sexual” para muitos jovens. Explique que o que é retratado nesse tipo de mídia não corresponde à realidade.
Falar sobre prevenção de doenças e gravidez indesejada é fundamental, mas também devemos abordar a objetificação e a violência, muitas vezes normalizadas na mídia. Além disso, nessa idade, já é possível discutir os padrões de beleza e comportamento nocivos e irreais que a pornografia e a mídia em geral mostram. Mais do que isso, devemos incentivá-los a buscar respeito, carinho e amor em suas relações íntimas, destacando como esses fatores impactam a autoestima, a autoimagem e as relações amorosas. Esses temas devem ser discutidos já nos primeiros sinais de puberdade, pois muitos jovens iniciam a vida sexual antes dos 14 anos.
Para iniciar essas conversas, é importante conhecer bem seus filhos e entender o que mais desperta o interesse deles. Colocar um filme e emendar em uma palestra ou sermão dificilmente vai funcionar. Adolescentes tendem a rejeitar conselhos não solicitados. Eles precisam sentir que estão participando da conversa, que suas opiniões são ouvidas e valorizadas. Por isso, escolha o momento certo – aquele em que eles estejam mais sensíveis e dispostos a dialogar. Forçar o assunto só vai afastá-los. A chave é agir naturalmente, buscando momentos de conexão e intimidade para que a conversa flua.
Não existe fórmula mágica, mas alguns elementos podem guiar: autoconhecimento, clareza sobre os valores que queremos transmitir, conhecimento dos filhos, verdade, amor e muita escuta.
Se você sentir que precisa de ajuda para abordar esse ou outros temas delicados com seus filhos, estou à disposição para oferecer suporte através de minhas consultas parentais.