Apesar de esse título fazer um convite para o “como lidar com birras”, gostaria de refletir com você sobre o que são as birras ou explosões emocionais, termo que considero mais coerente com esse fenômeno.
Explosões emocionais são manifestações intensas de sentimentos presentes durante toda nossa trajetória de vida, mas que nomeamos como birra quanto acontece com uma criança. Nessa fase, essas expressões emocionais se manifestam através de choro, gritos e resistência, frequentemente como uma resposta à frustração ou à negação de um desejo. Mas o que são, de fato, as emoções e como elas se desenvolvem ao longo da vida?
Entender as emoções envolve três dimensões fundamentais*:
- Biológica — o choro, por exemplo, é uma resposta fisiológica ao desconforto desde os primeiros momentos de vida;
- Social — nossos relacionamentos moldam a maneira como percebemos e sentimos o mundo;
- Cultural — sentimentos como amor são interpretados em diferentes contextos e épocas.
As emoções nascem de forma rudimentar e, à medida que a criança cresce e começa a usar a linguagem, tornam-se mais elaboradas e conscientes**.
Para tornar esse conceito mais palpável, imagine a cena: seu filho de 3 anos brinca no parquinho e, quando você avisa que é hora de voltar para casa, ele se frustra, chora e grita, jogando-se para trás. Essa reação é uma forma primitiva de expressar suas emoções, pois ele ainda não possui as ferramentas para verbalizar sua frustração ou entender a necessidade de interromper uma atividade prazerosa. ***
A mediação do adulto é crucial nesse processo. Permitir que a criança expresse suas emoções, ajudando-a a nomeá-las e oferecer alternativas de ação colabora para o desenvolvimento de formas mais elaboradas de lidar com esses sentimentos.
O manejo das explosões emocionais varia conforme a fase de desenvolvimento da criança. Com bebês, o toque e o acolhimento são eficazes, enquanto com crianças maiores, podemos antecipar situações estressantes, estabelecer combinados e estimular a autorregulação.
Lidar com as emoções das crianças também nos desafia a cuidarmos das nossas. Essa jornada é repleta de vulnerabilidades e estresse, especialmente se não temos um suporte adequado que nos permita compartilhar nossas experiências.
Por isso, se você sente que precisa de apoio nesse caminho, saiba que pode contar conosco. Basta preencher o formulário abaixo e eu ou uma das minhas parceiras entraremos em contato para oferecer o suporte que você merece. Juntos, podemos tornar esse caminho mais possível e gratificante.
*Essa perspectiva de desenvolvimento emocional vem da Teoria Histórico-Cultural, uma abordagem da Psicologia pensada por Lev S. Vigotski. Sugiro o livro: MOREIRA, Maria Ignez Costa; SOUSA, Sonia M. Gomes (orgs.). Psicologia Sócio-Histórica: bases epistemológicas, categorias fundamentais e intervenções psicossociais. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2022.
**Por isso alguns autores diferenciam emoções e sentimentos, mas escolho não entrar em detalhes sobre esses termos nessa discussão.
***O cérebro dele ainda não atingiu maturidade para regular o comportamento. E se esse assunto te interessa saiba mais no livro O Cérebro da Criança que foi resenhado por nós (https://olugardocuidado.com.br/o-cerebro-da-crianca/)
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